O argentino faleceu aos 60 anos no dia 25 de novembro de 2020 devido a uma parada cardiorrespiratória
Pelé usou suas redes sociais, na tarde desta quinta-feira, para lamentar um ano sem a presença de Diego Armando Maradona, que morreu aos 60 anos no dia 25 de novembro de 2020 devido a uma parada cardiorrespiratória, em sua casa, em Dique Luján, na Grande Buenos Aires. Além de postar uma foto ao lado do argentino, o Rei do Futebol escreveu: “Um ano sem Diego. Amigos para sempre”. O brasileiro, vale lembrar, já havia demonstrado seu sentimento no dia do falecimento de Maradona. “Que notícia triste. Um dia, eu espero que possamos jogar bola juntos no céu”, comentou na época.
Um ano sem Diego. Amigos para sempre. // One year whithout Diego. Friends forever. pic.twitter.com/7uVSvYQXEi
— Pelé (@Pele) November 25, 2021
A amizade dos dois foi recheada de idas e vindas. Em 1979, quando dava os primeiros passos em sua carreira, Maradona chegou a declarar que Pelé “sempre foi um Deus como jogador”. Mas com o sucesso nos campos veio a reivindicação do trono de rei do planeta bola, e o brasileiro nunca se dispôs a cedê-lo. Em 2000, uma eleição da Fifa pela internet elegeu o argentino o melhor jogador de todos os tempos e deu a ele munição para tripudiar. “As pessoas votaram em vim. Agora querem que eu divida o prêmio com o Pelé? Não vou dividi-lo com ninguém”, declarou o maior futebolista argentino de todos os tempos. Anos depois, em 2009, o Pibe D’oro (Garoto de Ouro) voltou a tocar no assunto. “Pelé tinha Coutinho e Rivellino, que para mim estão lá em cima. E depois tinha Jairzinho, Clodoaldo, Gerson e Tostão. Mas o mais importante é que teve uma votação, e eu o deixei em segundo.” Já o Rei costuma de dizer que a Argentina primeiro precisava decidir quem foi melhor, Maradona ou Di Stéfano. “Só então eles podem comparar com o Pelé”, repete o ídolo do Santos, sempre usando a terceira pessoa do singular.
A animosidade resultou até em declarações homofóbicas. “O que querem que eu diga? Ele debutou com um garoto”, provocou Maradona, fazendo insinuações sobre a vida sexual do amigo com quem brigou durante boa parte da vida. A frase faz referência a uma declaração de Pelé à revista Playboy, em 1980. “Até os 15, 16 anos, cheguei a ter umas transas homossexuais. Minha iniciação foi com uma bicha que nosso time [do Bauru] inteiro comeu”, disse o ex-atleta à publicação. Hoje Pelé nega essa história. Visões políticas distintas também motivaram desentendimentos. Maradona tem ideias alinhadas ao pensamento de esquerda e se transformou em notório crítico do neoliberalismo. Pelé chegou a assumir o ministério dos Esportes durante o primeiro mandato do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-1998).
Os dois ensaiaram uma reaproximação em 2005, quando o argentino estreou na TV do seu país o programa “La Noche Del Diez” (A Noite do Dez, em tradução livre, fazendo referência ao número com o qual jogou no Boca Juniors-ARG, no Barcelona-ESP, no Napoli-ITA e na seleção argentina) e convidou Pelé para a edição de abertura. Entre tapinhas nas costas e trocas de elogios, os craques prometeram dar um tempo nos arranca-rabos. “Tivemos nossas discussões, mas nunca nos falamos dessa maneira. Essa é a primeira vez que eu tenho a oportunidade de falar realmente com o Pelé.” O acordo de cessar-fogo não foi imediatamente respeitado – especialmente pelo argentino -, mas em 2016 eles finalmente selaram a paz. “Chega de brigas”, prometeu Diego enquanto abraçava o amigo durante um encontro que tiveram em Paris.