Michael Nesmith, guitarrista dos Monkees, morre aos 78 anos – Música

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    Michael Nesmith, o guitarrista, e também eventual vocalista e compositor, dos Monkees morreu aos 78 anos, de causas naturais, segundo nota divulgada pela família do músico. Ele é o terceiro integrante do grupo que já morreu – Davy Jones partiu em 2012 e Peter Tork em 2019. O baterista e cantor Mickey Dolenz, o único a estar presente em toda a trajetória do quarteto é o último sobrevivente.

    Nesmith não cantou nos singles de maior sucesso do quarteto, mas compôs hits como “Mary, Mary” e também músicas queridas por fãs e admiradores de rock dos anos 60, como “Circle Sky” (uma de suas marcas registradas), “Love Is Only Sleeping“, que ele cantou no cultuado álbum “Pisces, Aquarius, Capricorn & Jones Ltd.”.

    Os Monkees têm uma das histórias mais inusitadas de todo o pop. O grupo foi formado em Hollywood pelos produtores Bob Rafelson e Bert Schneider que, através de anúncios, queriam atores, de preferência também músicos, para fazer o papel de uma banda de rock em um seriado, inspirado no filme “A Hard Day’s Night”, dos Beatles. Nesmith, Tork (que, de fato, sabiam tocar), Jones e Dolenz foram os aprovados e a série estreou, com grande sucesso, em 1966.

    Os dois primeiros discos do grupo, quase todos gravados por músicos de estúdio, venderam milhões de cópias e bateram recordes nos EUA. Ao mesmo tempo as acusações de que eles eram uma banda “de mentira” começou a irrritá-los, especialmente Nesmith e Tork. Para o terceiro disco, “Headquarters”, eles exigiram tocar em todas as faixas e também uma maior participação nas composições.

    O trabalho vendeu menos que os anteriores, foi “apenas” disco duplo de platina, e não quíntuplo como os demais, mas eles deram o seu recado. O grupo, e seus produtores, também sabia fazer uso de sua popularidade para coisas mais “subversivas”.

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    Basta dizer que Jimi Hendrix foi convidado a abrir uma de suas turnês (infelizmente as pré-adolescentes que foram aos shows não estavam interessadas em ver o maior gênio da história da guitarra) e Frank Zappa e Tim Buckley, este ainda um desconhecido, apareceram em episódios da série que teve duas temporadas e 58 episódios – o grupo seguiu na ativa por mais três anos.

    Houve também o surreal “Head”, filme dirigido por Rafelson e escrito por ele e um jovem ator chamado Jack Nicholson. O dinheiro dos Monkees também ajudou a mudar a história do cinema. Foi com ele que Rafelson e Schneider produziram “Easy Rider”, filme que se tornou o marco inicial da chamada “Nova Hollywood”, e abriu caminho para que cineastas como Copolla, Scorsese, Spielberg e George Lucas tivessem a chance de dirigir seus primeiros longas.

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    Voltando a Nesmith, ele deixou o grupo em 1970, dois anos depois de Tork, e se tornou um pioneiro do country rock, gravando vários discos com a The First National Band (ele também compôs “Different Drum“, gravada pelos Stone Poneys, o grupo que revelou Linda Ronstadt ao mundo).

    Mas nada supera em alcance a ideia que ele teve em 1980. Depois de ter gravado um vídeo elaborado para uma de suas músicas, a “tropical” “Rio“, ele sentiu que esta linguagem tinha um enorme potencial. Em 1980, ele criou um programa chamado “PopClips” e a Nickelodeon comprou a ideia. Mais tarde o conceito foi comprado pela Time/Warner e, resumindo, desembocou na MTV.

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    Outra história incrível? Sua mãe criou o “Liquid Paper”, o líquido corretivo que era muito usado para corrigir erros na época em que se escrevia com máquinas de escrever. Em 1979 ela vendeu a patente para Gillete por quase US$ 50 milhões e morreu meses depois, deixando a herança para seu único filho.

    Não à toa, Nesmith não quis participar de uma turnê de reunião dos Monkees em 1986, quando o grupo voltou a fazer sucesso depois que a MTV começou a reprisar a série. Ele mudou de ideia nas reuniões seguintes, ainda que nunca tenha tido o mesmo comprometimento de seus outros colegas que não tiveram a mesma sorte financeira dele.

    Ainda assim a história teve um final feliz. Nesmith pode ser ouvido nos últimos discos dos Monkees, lançados em 2016 e 2018, e também participou de shows da banda que começou como um grupo de mentira e, aos poucos, se tornou um “de verdade”.

    Fonte: Vagalume



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