Até o mês de novembro foram realizadas 302 oficinas pela Torri; cada workshop demora de duas a três horas e custa, em média, R$ 130
Alessandra Koga é publicitária e sempre gostou de escrever. Ainda criança tinha facilidade com as aulas de literatura, português e história. Nas agências por onde passou, ela acabou indo para uma escrita mais técnica e, por isso, sentia que faltava algo. Foi então que Alessandra conheceu a Torii, uma plataforma cujo o método adotado conecta as pessoas por meio da escrita e as encoraja a imergir no processo criativo. A paulistana de 38 anos conta que participou de um workshop há um ano e que desde então se reúne a cada quinze dias para se aperfeiçoar na arte de escrever. “Somos, as vezes, analfabetos emocionais. A gente não sabe dar palavras para os sentimentos, né? Então você vai falar que você está triste. Eu vou falar: “Estou triste”, mas, na verdade, eu estou frustrada, com raiva. Nesse aspecto, a Torii me ajudou a entender melhor como é que eu estou me expressando não só na escrita, mas na fala. Hoje, se eu tenho uma fala muito clara, é porque eu consigo entender melhor, eu consigo organizar melhor minhas ideias”, relata Alessandra.
O criador desse método de escrita, Ivan Nisida, tem 32 anos, é graduado em Relações Internacionais e tem um mestrado em Políticas Ambientais na Sciences Po, em Paris. Despretensiosamente, ele criou a Torii a bordo de um navio que saía do Japão rumo ao México com 240 jovens de 11 países diferentes. O primeiro workshop foi presencial. Os demais foram todos online. No Brasil, Ivan trabalha com grupos de até seis pessoas de várias partes do país com o intuito de dar voz a cada um e direcionar a atenção. “O que a gente estabeleceu foi uma metodologia, uma espinha dorsal, de como fazer uma oficina de escrita criativa”, explica.
Dário Gonçalves é assessor de um programa bilíngue escolar e aplica a escrita criativa para os seus alunos na sala de aula. “É quase como um mergulho. Um dos exercícios é alguém contar uma parte de uma história. Por exemplo, ‘qual é o seu maior medo’. Então alguém vai e fala sobre isso e depois você escreve como se você estivesse no lugar daquela pessoa. Essa criação não é o medo da pessoa, sou eu interpretando o medo dela. E eu começo a ir para lugares que eu nem sabia que estavam aqui. A coisa cresce nessa conexão”, relata Gonçalves. Até o mês de novembro foram realizadas 302 oficinas de escrita criativa pela Torri. Quem tiver mais esse pode acessar o site. Cada workshop demora de duas a três horas e custa, em média, R$ 130.
*Com informações do repórter Victor Moraes