Uma pesquisa realizada pela Fairplay, Global Action Plan e Reset Australia encontrou evidências de que a Meta, antigo Facebook, continua utilizando dados de adolescentes para oferecer publicidade segmentada por meio de algoritmos.
Isso acontece mesmo depois do anúncio, em julho, da big tech de que limitaria a capacidade dos anunciantes de segmentar propagandas para menores de 18 anos no Instagram, Facebook e Messenger. Desde então, o conglomerado chegou a mudar o nome para Meta, no entanto, parece continuar realizando as práticas antigas.
Com base no relatório, uma coalizão internacional de entidades de saúde pública e desenvolvimento infantil, organizações de direitos humanos e defensores da privacidade aponta que “o Facebook ainda está usando a vasta quantidade de dados que coleta sobre os jovens para determinar quais crianças têm maior probabilidade de ser vulneráveis a um determinado anúncio”.
A prática preocupa as organizações, pois, por exemplo, a publicidade pode ser direcionada para adolescentes com distúrbios alimentares ou veiculada quando o humor de um adolescente sugere que eles são particularmente vulneráveis.
A Meta nega que esteja usando os dados de rastreamento para fins publicitários. Entretanto, os testes realizados pelo estudo indicam que as informações das contas de adolescentes continuam sendo rastreadas para direcionar anúncios, impulsionados por Inteligência Artificial (IA), para menores de 18 anos.
Pressão sobre a Meta
Crianças e adolescentes são mais vulneráveis aos algoritmos das redes sociais. (Fonte: Shutterstock/Fernando Macias Romo/Reprodução)Fonte: Shutterstock/Fernando Macias Romo/Reprodução
A denúncia chega logo depois que a Meta enfrenta o vazamento de documentos internos para a imprensa que apontam que a empresa tinha conhecimento de que o uso do Instagram era prejudicial para adolescentes.
Frances Haugen, responsável pela divulgação dos relatórios, tem dado depoimento para parlamentares dos Estados Unidos e da União Europeia, que pretendem estabelecer uma legislação mais restrita, com parâmetros de transparência e governança, para redes sociais.
Durante os depoimentos, Haugen foi enfática ao afirmar que não existe rede social segura “movida a IA” para adolescentes, uma vez que os cérebros dos jovens ainda estão em desenvolvimento e os algoritmos podem explorar a saúde mental de crianças e adolescentes para continuar lucrando.