Iniciativas sociais tentam garantir ceia de Natal aos mais pobres

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Natal Sem Fome distribuiu, ao todo, 1.500 toneladas de comida neste final de ano; organização São Paulo Invisível ofereceu almoço para a população em situação de rua

Reprodução/Youtube/Jovem PanRita Maria de Souza recebeu uma cesta com 12 quilos de alimento da iniciativa Natal Sem Fome

Ao invés do trenó, o Papai Noel chegou de helicóptero na favela da Penha, no Rio de Janeiro. No lugar de brinquedos, ele levava pacotes muito mais valiosos nos últimos tempos: arroz, feijão, óleo, macarrão e farinha. A aposentada Jucélia de Oliveira comemorou a passagem inusitada do bom velhinho. “Hoje, todas as pessoas aqui da comunidade estão satisfeitas, porque o nosso Natal vai ser feliz. Estou muito emocionada”, agradeceu Jucélia. Por trás das roupas vermelhas, estava Leonardo Pereira da Silva, também morador de favela e empresário. Leonardo se sentiu orgulhoso de fazer parte de algo tão grande. “Nós sabemos a real necessidade da nossa população, no nosso povo. A necessidade da nossa favela, o que ela está precisando. É muito orgulho, muito prazer estar fazendo parte disso, onde todo o morador, toda a comunidade abraça se sente representada. Eu estou muito alegre. ser um papel noel negro e ver as crianças olhando, sorrindo, brincando… eu vejo que elas estão se sentindo representada vendo um Papai Noel da cor e da raça delas. Elas estão vendo, vendo o Papai Noel mais perto delas”, afirmou o empresário.

Lá perto, em Duque de Caxias, Rita Maria de Souza está passando as festas aliviada. Ela recebeu uma cesta com 12 quilos de produtos, fruto da iniciativa Natal Sem Fome, que distribuiu, ao todo, 1.500 toneladas de comida neste final de ano. “É muito importante. Pelo menos não vamos passar o Natal sem nada”, agradeceu Rita Maria. Em São Paulo, a organização São Paulo Invisível ofereceu ceias natalinas para a população em situação de rua. Vinícius Lima, co-fundador da ONG, lembra que o último censo da prefeitura contabilizou 29 mil moradores nas ruas, mas o número deve ser bem maior. “Em São Paulo, o último censo fala de 29 mil. Se lançar um censo agora, como a prefeitura tem trabalhado, a gente vai ver em cerca de 50 a 60 mil. Durante a pandemia aumentou muito o número de pessoas que estão em situação de ruim. Mudou muito o perfil também, que agora tem mulher agora na rua e tem muita família inteira”, apontou Lima.

A Nataly, mãe de três filhos e atualmente sem moradia, disse que, além de receber comida, é preciso ser acolhida. “Tem muitas pessoas que acham que só entregar uma marmitex, uma roupa para a gente já é o suficiente. E, as vezes, não isso que a gente precisa. A gente precisa de um colo, de um ouvido, de um conselho. Aqui eu estou me sentindo muito acolhida, estou me sentindo mais humada”, relatou Nataly. As ações, que foram feitas ao longo do mês de dezembro, ocorrem em um momento que a fome avança sob a população brasileira. Uma pesquisa Datafolha revelou que 26% dizem que a quantidade de comida não foi suficiente nos últimos meses. Entre os desempregados, 45% não têm alimentos suficiente. O número chega a 37% entre as famílias com renda mensal de até dois salários mínimos. 39% dos que recebem Auxílio Brasil disseram que falta comida na mesa.

*Com informações da repórter Nanny Cox





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