“Get Back”: Peter Jackson emociona, revela fatos e surpreende com ótimo documentário dos Beatles

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    Documentário dos Beatles ganha novo trailer emocionante; assista
    Reprodução / YouTube

    Não é nenhum segredo que os Beatles conquistaram o mundo não apenas por conta de suas músicas, mas também devido ao carisma de seus integrantes.

    Os registros existentes não negam. Seja em videoclipes, shows ou entrevistas, existe algo muito inspirador não apenas nas individualidades de Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr, mas também na visão deles enquanto banda. Não foi por acaso que o grupo envelheceu como um dos mais importantes da história.

    É uma pena que os anos 60 não tenham sido como hoje, em que conseguimos nos sentir próximos de artistas que admiramos através de tecnologias modernas. Mas, felizmente e graças à disponibilidade de todos os episódios da série documental Get Back, agora temos uma grande oportunidade de ver com naturalidade como os quatro Beatles interagiam em estúdio e entre si.

    Se você ainda não assistiu, trate de assistir agora! Todos os episódios estão disponíveis no Disney+.

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    Pôster de Get Back, documentário dos Beatles

     

    Do que se trata?

    Perto do final dos anos 60, após ficarem mais de dois anos sem se apresentar nos palcos, os Beatles retornaram aos estúdios para a gravação de um novo projeto.

    Esse novo material, composto de 14 novas faixas, aparentemente seguiria um caminho bem diferente do que foi visto no álbum anterior, o aclamado Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967). Isso porque a ideia era que as gravações fossem realizadas ao vivo, para resgatar a estética mais rock e mais orgânica dos primeiros discos.

    Apelidado provisoriamente de Get Back, o álbum teria rendido canções que seriam aproveitadas futuramente, incluindo clássicos como “Hey Jude” e “Don’t Let Me Down“. O complexo projeto (já corrido por conta da agenda apertada de Ringo) incluía também uma parte audiovisual, captada e dirigida por Michael Lindsay-Hogg. No mais, trocas de estúdio, boicote dos próprios integrantes à proposta do então diretor, a saída de George Harrison e mais fatores fizeram com que as coisas tomassem outro rumo.

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    Peter Jackson, o mago

    Nada disso seria possível sem o incrível trabalho de Peter Jackson (“O Senhor dos Anéis”) e sua equipe. Ao encontrar os áudios das gravações originais todos em mono (ou seja, era apenas a própria câmera que estava captando o som), ele usou inteligência artificial e sua própria expertise para isolar os áudios e, consequentemente, conseguir manipular a altura e a qualidade do que era dito e tocado.

    Se, em 1969, os Beatles aumentaram o volume de seus instrumentos para que Lindsay-Hogg não captasse suas conversas de forma clara, agora qualquer um consegue ouvir o que foi conversado — incluindo piadas, brincadeiras, reflexões e mais. No fim das contas, Jackson conseguiu nos relevar a banda em seu estado mais despojado e íntimo.

    Isso sem falar na restauração das imagens em si, que parecem ter sido gravadas de forma caseira há apenas alguns anos. Parabéns, Peter!

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    Mais do que companheiros de banda, amigos

    Para quem vê apenas o glamour dos shows ao vivo, saiba que a vida em banda tem seus momentos de estresse. Isso se torna um tópico crucial quando falamos sobre ensaios e gravações em estúdio. Um atrasa, o outro não tirou a música direito, um afina o instrumento enquanto o outro quer dar uma sugestão… É o próprio caos.

    Vemos um pouco disso na dinâmica apresentada pelos Beatles. Brincadeiras, trechos aleatórios de canções, namoradas dentro do estúdio e outras várias distrações são vistas, fazendo com que qualquer músico pense que “é assim mesmo” enquanto assiste ao documentário.

    Mas o que mais surpreende nas raras gravações de Get Back é ver como as relações pessoais e profissionais entre os membros se entrelaçam. Não é apenas a banda. Ali vemos colegas de anos conversando sobre os mais diversos assuntos. É uma verdadeira família que, apesar do que se fala sobre, estava ali bem unida, compondo e se divertindo (diversão também é importante, ok?). E o que é seria uma família sem o elemento caótico?

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    Em estúdio

    Ainda sobre a experiência de “assistir” aos Beatles em estúdio, existe também o magnífico registro da banda de fato compondo músicas do zero. Muitas delas, por sinal, ainda viriam a ser aperfeiçoadas antes de terem lançamentos oficiais.

    Vemos tomar forma o processo de composição de diversos hits — “Get Back“, “Don’t Let Me Down” e “Hey Jude” são apenas alguns. É importante dar um destaque especial para a faixa que dá título ao projeto, já que ali vemos Paul surgindo com a melodia vocal em meio a uma jam com os outros integrantes.

    É um material de inspiração para qualquer músico ou artista no geral.

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    Yoko Ono destruindo a banda?

    Outro ponto que tem chamado atenção diz respeito à figura de Yoko Ono, então no início de seu relacionamento oficial com John Lennon.

    Historicamente, muito se fala sobre um possível “protagonismo” por parte da ativista no rompimento da banda, mais especificamente da relação entre McCartney e Lennon. Bom, se o que você esperava era uma confirmação disso, podemos dizer que você vai ficar decepcionado.

    Yoko esteve no estúdio com a banda durante a maior parte das filmagens (Linda McCartney, por sinal, também). Mostrou-se o tempo todo uma figura tímida, falando pouquíssimas vezes. Quando isso acontecia, por sinal, era em momentos nos quais dialogava unicamente com John e em voz bem baixa, o que já deve ter dado um trabalho danado para Jackson na restauração do áudio.

    Mas ninguém parecia incomodado com sua presença. Nem mesmo o próprio Paul, que chega até a demonstrar certa preocupação com o conforto dela. Uma cena que chama muita atenção, por sinal, mostra Yoko interferindo em uma conversa entre Paul e John (mas apenas para oferece um chiclete para o companheiro).

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    O quinto Beatle

    Outro personagem que ganhou espaço em Get Back foi Billy Preston, também conhecido como “O Quinto Beatle”.

    Se sabemos que o álbum Let It Be não seria o mesmo sem as suas excelentes contribuições, precisamos também entender a importância dele para esse projeto. Na série, Preston surge como uma espécie de anjo da guarda, abrilhantando as embrionárias composições dos Beatles e até dando um senso de organização ao quarteto. Um registro muito interessante dessa parceria mostra Paul McCartney boquiaberto com um solo do tecladista. Fera!

    Mas que ele é incrível, a gente já sabia. O mais interessante foi, de fato, ver como Preston se relacionava com os Beatles, sempre criativo e com um sorriso carismático no rosto. Ele, por sinal, também vai ao terraço com a banda para tocar e gravar o repertório ao vivo para a cidade de Londres.

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    O fatídico “show do terraço”

    No dia 30 de Janeiro de 1969, os Beatles subiram no terraço do edifício da Apple Corps (empresa fundada pela própria banda) para um show de aproximadamente 40 minutos.

    A setlist consistiu nas canções sinalizadas abaixo (além de breves jams e trechos pequenos de outras canções). Apesar do repertório curto, as gravações deram certo e foram reutilizadas para materiais futuros da banda, especialmente para o clássico Let It Be.

    1 – “Get Back” (take 1)
    2 – “Get Back” (take 2)
    3 – “Don’t Let Me Down” (take 1)
    4 – “I’ve Got a Feeling” (take 1)
    5 – “One After 909”
    6 – “Dig a Pony”
    7 – “I’ve Got a Feeling” (take 2)
    8 – “Don’t Let Me Down” (take 2)
    9 – “Get Back” (take 3)

    Em Get Back, vamos além do show em si. Mais do que os 42 minutos integrais da apresentação, a montagem de Jackson também conta com imagens de um repórter entrevistando pessoas na rua, surpresas com a súbita “barulheira” que começou em pleno início de uma tarde nublada de uma quinta-feira qualquer. Alguns não conheciam. Outros até desgostavam, mas a maioria se dizia fã do trabalho do quarteto. Um entrevistado em particular até explora a ideia de deixar sua filha namorar um dos integrantes. “Eles devem ter bastante dinheiro”, concluiu.

     

    Os policiais

    Além de tudo isso, o episódio final conta ainda com um interessante enredo envolvendo uma dupla de policiais que recebe reclamações por conta do show, com o argumento principal de que o som alto ameaçava a paz. Eles, durante muito tempo, tentam subir no terraço e acabar com o evento, mas falham. A ironia dos envolvidos no processo na recepção das autoridades e outros truques da equipe desafiam a paciência deles, mas ao mesmo tempo fazem o público rir. O diálogo vai se desenvolvendo de forma cada vez mais séria, envolvendo até ameaça de prisão. Ainda tem a parte em que, em pleno terraço, o amplificador de George Harrison foi desligado. Como resposta aos policiais, o guitarrista deu um olhar que misturou raiva e deboche, e simplesmente religou o equipamento.

    Mas precisamos concordar que, no fundo, eles não queriam acabar com esse momento histórico, né? Afinal, distúrbio contra a paz seria impedir esse momento memorável de acontecer!





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