Por Ágatha Prado
Dono de uma assinatura que quebrou os padrões do Tech House clássico e convencional, DJ Glen é um dos artistas que segue na reinvenção e na busca por sonoridades que impactam pela ousadia.
Hoje considerado um dos grandes nomes da música eletrônica nacional, com trabalhos frequentes nas consagradas Dirtybird, Armada e Spinnin’, além de passagens pelos principais festivais do país e afora como Dirtybird Campout, Burning Man, Universo Paralello e Só Track Boa, Glen possui uma bagagem musical profunda e diversa, que inclui uma boa quantidade de títulos raros que brilham dentro de sua coleção.
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Aqui ele vem para nos apresentar algumas peças raras e pérolas que se destacam em seu acervo de mais de 2000 discos. Conheça o que ele trouxe para nós!
Underworld – Born Slippy (NUXX) (2002)
Este é um disco que em 2002 era muito popular e a maioria dos DJs da época tinha. Pra mim foi importante pois foi o primeiro disco que comprei na vida, me lembro até hoje: chegando na loja, que ficava na galeria Ouro Fino, em SP, e estava bonitão na prateleira olhando pra mim.
Esta track, além de ser lendária, pra mim significa algo que atravessou épocas e se manteve atual, pois foi lançada em 1996 e só fez sucesso de fato por volta de 2002. Para mim, ela é um grande consolo quando minhas próprias tracks são lançadas e acabam bombando anos depois.
Abe Duque – What Happened (remixes) (2010)
Eu tinha pensado em não mencionar meus próprios discos lançados, mas é inevitável. Este contém um remix que eu produzi e acabou ganhando o contest do Resident Advisor/DJ Mag, o prêmio justamente era ter o som lançado em vinil. Comprei 5 cópias e fiz quadros para meus familiares, hahaha.
Art Department – The Drawing Board (2011)
Este é um dos álbuns favoritos da minha vida, marcou um momento de renovação muito grande pra mim e foi o ápice de uma mudança muito grande no underground da música dance global.
Os BPMs extremamente baixos abriram novos grooves, frequências e sensações que descobri, inclusive, estando numa pista de dança. Foi depois deste álbum que fiz meu primeiro EP lançado em vinil, o Bone System, e me fez sair do Brasil pra ver o que o resto do mundo estava curtindo, vindo na sequência minha primeira tour européia com várias gigs, já de vida nova.
The Prodigy – The Fat of the Land (1997)
Este disco não comprei na época que foi lançado, mas tive a felicidade de encontrá-lo em uma loja de Londres alguns anos atrás. O Prodigy foi a primeira banda de big beat que realmente curti, é minha base no mundo da dance music e este álbum foi algo que, quando criança ainda, abriu uma janela na minha mente. Até hoje ouço e penso que fodástico este trabalho é, só orgulho de ter uma cópia original aqui comigo (duplo viu!)
DJ Glen, Bruno Furlan – Another Planet (2019)
Ta aí um disco que chorei quando chegou, esta realmente é a música que fez eu me sentir alguém importante no meio musical.
Estava tudo tranquilo e do nada vem um som que me levou pra tocar em diversos eventos nos EUA, desde a Space em Miami ao Campout na Califórnia. Vi David Guetta tocando ela e achei engraçado, multidões agachadas no drop em Londres, Seoul, Los Angeles e quase todas as outras cidades. Eu mesmo fiz o Estádio do Mineirão lotado cantar a letra maluca que escrevi: “Where is my brain? I can’t explain / It must be lost, in Another Planet”. Ouvir da boca de um dos meus maiores ídolos que esta era a melhor track do ano (Claude Vonstroke) é uma bela história para os meus netinhos.
Seguindo a lógica e o aprendizado com meu primeiro disco, Born Slippy, estamos beirando 2022 e ainda vejo DJs gigantescos como Fisher, Chris Lake, Vintage Culture, Shiba San, Wade e dezenas de outros tocando Another Planet como se fosse novidade.