O cantor Zé Ramalho disse que Admirável Gado Novo “continua atual” depois de saber que um trecho da canção, de sua autoria, havia caído na prova deste domingo (21) do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
“Admirável Gado Novo continua atual”, disse Zé Ramalho em sua conta no Instagram. “Na opinião de alguns intelectuais, a música mais política da história do Brasil.”
A pergunta da prova de linguagens e códigos trazia este trecho da música, que Zé Ramalho lançou em 1979: “Vocês que fazem parte dessa massa, que passa nos projetos do futuro. É duro tanto ter de caminhar. E dar muito mais do que receber. Ê, ô, ô, vida de gado. Povo marcado ê, povo feliz!”.
O candidato precisava responder qual é o comportamento coletivo criticado nesse trecho da canção.
“Ao saber da citação da minha música no Enem 2021, senti-me orgulhoso, pois a canção foi feita há mais de 40 anos, em plena Ditadura militar, no final dos anos 70 e gravada em 1979. A situação do povo pouco mudou, apesar de muitos já perceberem que a engrenagem do poder tudo enferruja e a todos corrói. Bom saber que muitos jovens que fizeram a prova já conheciam os versos da música e outros vão se interessar e conhecer a partir daí”, afirmou o cantor.
A prova do primeiro dia do Enem também teve perguntas sobre meio ambiente e a cultura indígena e uma charge de Henfil.
Sem interferência, diz ministro
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou neste domingo (21), data da primeira prova do Enem, que o teste deixou claro que não houve interferência por parte do governo, conforme denúncia que havia sido feita por servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
“Hoje nós podemos ver que toda essa narrativa de partidos de oposição e até meios de comunicação de uma possível interferência na prova não tinha cabimento”, disse. “Talvez se tivesse interferência, pode ser até, hipoteticamente, que algumas perguntas nem estivessem ali. Não houve qualquer interferência em escolha de perguntas”, completou.
“Tem algumas questões que tocam, numa visão mais conservadora, que são mais caras ao nosso governo”, afirmou Ribeiro, novamente sem detalhar as questões que poderiam supostamente ter incomodado o governo.
O ministro disse concordar com a afirmativa do presidente Jair Bolsonaro de que o teste tem a cara do governo. “Tem mesmo. Seriedade, transparência, assuntos de cunho acadêmico, sem desvios de recursos, sem vazamento de questões ou provas. Essa é a cara do nosso governo”, afirmou.
Ribeiro criticou ainda a ação de parlamentares que entraram com ações judiciais para tentar barrar a realização do Enem com base na denúncia dos servidores sobre a suposta interferência. “Pessoas que não têm a mínima consideração com milhões de alunos que se prepararam”, disse.