Presidente do BC deve divulgar carta para explicar inflação acima do limite

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Será a sexta vez que o chefe da autarquia presta esclarecimentos ao ministro da Economia; IPCA encerrou o ano a 10%, quase o dobro do máximo estabelecido

Sergio LIMA / AFPPresidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deve explicar motivos da quebra do limite inflacionários em 2021

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, deve divulgar em breve uma carta aberta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, explicando os motivos de a inflação ter ficado acima do teto do estipulado em 2021. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o ano passado com alta de 10,06%, bastante acima da meta de 3,75% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. Esta será a sexta ocasião que o chefe da autarquia precisa redigir este tipo de texto e a primeira com o BC independente. A última vez que a inflação ficou fora dos limites foi em 2017. Naquele ano, porém, o então presidente, Ilan Goldfajn, precisou se justificar ao ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, as razões de o IPCA ter ficado em 2,95%, abaixo do piso da meta de 4,5% (margem de 3% e 6%).

Em todas as outras oportunidades, os presidentes do BC precisaram explicar as razões de a inflação ter estourado o teto. A primeira carta foi publicada em 2001 pelo presidente Armínio Fraga. Em 2002 e 2003 foi a vez de Meirelles se justificar, enquanto em 2015 o documento foi assinado por Nelson Barbosa. A alta acima da meta em 2021 já era esperada pelo mercado financeiro, que estimava IPCA em 9,9%, segundo previsões do Boletim Focus divulgadas nesta segunda-feira, 10. O registro também veio próximo do projetado pela equipe econômica e pelo próprio Banco Central. Ao longo dos últimos meses, a autoridade monetária fez uma série de elevações na Selic, a principal ferramenta para controle da inflação, subindo a taxa de juros de 2% em janeiro para 9,25% em dezembro.

acumulado ipca

O presidente Campos Neto indicou que deve manter a escalada e elevar os juros para próximo de 11,75% ao longo de 2022. O patamar, no entanto, não é confirmado. Em diversas oportunidades, o chefe da autarquia monetária disse que vai levar a taxa até onde for necessário para trazer as expectativas para o centro da meta. A fala é justificada pela manutenção das previsões inflacionárias acima do limite perseguido pelo BC em 2022. O mercado financeiro estima o IPCA a 5,03% ao fim deste ano, mais uma vez ultrapassando o centro de 3,5% perseguido pela autoridade monetária, com limites entre 2% e 5%.

Nas últimas atas do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC justificou o avanço da inflação por uma conjunção de fatores internacionais e domésticos. Na área global, a autoridade chama atenção que a variação de preços é um fenômeno mundial e atinge também as principais econômicas em meio ao processo de recuperação do pós-pandemia. Já no âmbito local, o BC apontou o risco fiscal, ou seja, a capacidade de o governo federal manter os gastos públicos sob controle, indica viés altista para as projeções. “Como consequência, o Copom avaliou que, considerado esse viés devido à assimetria de riscos, suas projeções se encontram acima da meta tanto para 2022 como para 2023”, informaram os membros do BC no documento divulgado em dezembro, após a última reunião do ano. Esta elevação deve implicar diretamente na escalada dos juros nos próximos meses. “Diante desse resultado, o Copom concluiu que o ciclo de aperto monetário deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário básico por todo o horizonte relevante”.





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