É justo acusar pais de serem antivacina por terem cautela em vacinar compulsoriamente seu filho?

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Pessoas querem respostas, e isso não é rechaçar a vacina, já que, enquanto alguns cientistas defendem a obrigação da vacinação de crianças em massa, outros, não; é preciso ter cuidado com consensos rápidos demais

EFE/CJ GuntherA observação da realidade leva a crer que a vacina é sim o melhor caminho para enfrentamento da pandemia, mas não exatamente que a vacinação em massa de crianças seja, na relação de custo e benefício, algo plenamente bom em todas as esferas de possibilidades

A polarização brasileira entrou em todas as camadas. Agora, na vacinação. Alguma contestação, algum pedido de esclarecimento mais aprofundado de uma realidade difusa e você é chamado de antivax. ”Não se contesta a ciência”, dizem. Mas a ciência é um método de investigação contínua da realidade e de avaliação de possibilidades testadas que se transformam em consenso. Que, por sua vez, lá na frente, também poderá ser contestado. E um simples cidadão pode observar dados simples da realidade posta. A nova linha de divisão é a de pessoas a favor e contra vacinação em massa para crianças.

Os argumentos de quem contesta a necessidade de vacinação em crianças é uma percepção simples da realidade mais palpável: os números de mortes e internações e sintomas estão caindo em todo o país. Crianças são, por consenso científico, muito mais resistentes ao vírus. Não há crianças lotando hospitais, não há número avassalador de crianças morrendo de Covid e as vacinas, que salvaram e salvam vidas, ainda não têm, por óbvio, verificados seus sintomas a longo prazo. Os dois mil casos em dois anos de óbitos em crianças que estavam com Covid ainda não têm dados de comorbidades que atingiram as crianças para além do vírus que as infectou  Alguns casos verificados e em estudo de embolias, tromboses e infartos em adultos jovens têm por suspeita a vacina. São uma minoria que não justifica uma suspeita quanto à eficácia comprovada das vacinas, que por óbvio, salvaram vidas aos milhões no mundo todo, por reduzirem drasticamente os sintomas da Covid. Ora, morrem pessoas até por tomarem aspirina. Não seria o caso de demonizar a aspirina por uma ínfima causa de mortes diante do aspecto de melhoria da saúde de quem toma o remédio.

Mas estes poucos casos ainda em estudo sobre sintomas adversos da vacina em consonância com os baixíssimos níveis de sintomas em crianças, somado ao fato do desconhecimento de sintomas a longo prazo, podem levar um pai a querer contestar a necessidade urgente da vacinação obrigatória em seu filho. E se todos confiam plenamente na vacina para eliminar ou reduzir sintomas, não há por que temer os não vacinados, não? Ainda há dúvidas sobre a criação de novas cepas em população vacinada ou se mesmo as vacinas poderiam fazer surgir novas cepas. O fato até agora observado é o que de que novas cepas têm se mostrado fracas e, mesmo com disseminação maior, não têm provocado maiores internações, sintomas ou mortes no Brasil. Somado tudo isto, é justo acusar um pai ou mãe de ser ”antivacina” por ter alguma cautela em vacinar compulsoriamente seu filho?

As pessoas querem apenas respostas. Querer respostas não é contestar, por óbvio, uma constatação de que vacina é o melhor para a população, mas que a vacinação em crianças em massa não seja necessariamente um bem absolutamente incontestável. A politização não ajuda. Doria já chama de “pessoas com descaso com a vida” os que contestam a vacinação obrigatória em crianças. Assim o debate novamente fica interditado. Quem quer estudar, olhar com atenção e mais cuidado o assunto é taxado logo de negacionista. Assim como foram taxados de negacionistas os que se opuseram ao isolacionismo que piorou índices de desemprego, miséria, fome, exclusão social, congelamento de desigualdades e mortes; assim como contestaram um isolamento que tolheu liberdades essenciais enquanto pessoas aglomeravam em transportes públicos a caminho de serviços essenciais e levavam o vírus para a suas casas e contaminavam seus familiares. O isolamento social e sua eficácia utópica e enganosa  foi um tabu proibido na época do desespero. Um tabu ratificado à época do desespero e do medo imposto por políticos e pseudocientistas , por gente que falava em nome da ”ciência”. Em nome da ciência, políticos oportunistas, jornalistas sectários, intelectuais orgânicos tendem a  politizar um assunto complexo sem absorver a complexidade da realidade que leva à possibilidade de se fazer ciência real.

Sim, alguns cientistas defendem a obrigação de vacinação em crianças em massa. Outros não. Sim, alguns cientistas defenderam o isolamento total da sociedade ano passado. Outros não. A Argentina se trancou inteira e teve milhares de mortos. A Suécia não se trancou em nada e não está sequer entre os cinquenta paises com mais mortes. Mas o aparente consenso ano passado era pelo isolamento. Cuidado com consensos rápidos demais. Costumam fazer parte de uma falsa ciência oportunista. A mesma falsa ciência oportunista que prevê há décadas um cataclisma climático que nunca chega. Por ciência, existe picareta saindo pelo ladrão. Pra lucrar com o medo e  controlar tua vida. A observação da realidade leva a crer que a vacina é sim o melhor caminho para enfrentamento da pandemia, mas não exatamente que a vacinação em massa de crianças seja , na relação de custo e benefício, algo plenamente bom em todas as esferas de possibilidades. Contestar, testar e observar é um método científico que está à disposição de quem tem olhos e não age apenas pelo medo, desespero ou oportunismo político.

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*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.





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