Especialistas preveem que lavouras do Rio Grande do Sul serão as mais afetadas pelo tempo quente e seco
Pelo segundo ano consecutivo, a safra brasileira de grãos está sendo semeada sob o efeito da La Niña. O fenômeno climático natural resfria as águas do Oceano Pacífico, alterando a distribuição de calor e umidade em várias partes do globo. No Brasil, geralmente há registro de menores volumes de chuva no Sul do país e essas alterações afetam o potencial de rendimento das lavouras – fato que já está sendo verificado por produtores. Por isso, o Hora H do Agro deste domingo, 12, ouviu especialistas para entender qual será a intensidade do fenômeno e as expectativas de produção e mercado na safra 2021/22 de soja e milho.
Mapas meteorológicos indicam que o pico do fenômeno ocorreu entre o final de novembro e início de dezembro e tem tudo para perder força ao longo do verão. Segundo o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos. Contudo, a perda de intensidade não significa o fim da La Niña e os efeitos permanecerão ativos “até a primeira metade do verão, ou seja, até fevereiro”. O alerta e necessidade de observações mais atentas estão para os efeitos no Sul do país, que deve verificar longos períodos de estiagem. “A seca no Rio Grande do Sul deve persistir não só agora no mês de dezembro, mas também ao longo de janeiro”, destacou.
Até o momento, a previsão atual causa uma preocupação maior em relação a produção do milho 1ª safra, que já registra “perdas irreversíveis” no Rio Grande do Sul, de acordo com a analista de mercado da AgRural, Daniele Siqueira. A quebra no maior Estado produtor de milho verão será reportada nesta semana pela consultoria, que em seu último relatório estimou 27 milhões de toneladas. A revisão para baixo também levará em consideração as perdas pontuais em Santa Catarina e no Paraná. Mas esse cenário não é geral, pois “o resto do Centro-Sul vai muito bem”, ressaltou a analista. O governo também acredita em uma redução nas estimativas da 1ª safra de milho; porém, o volume registrado ainda deve ser maior dos que as 24 milhões de toneladas verificadas na temporada 2020/21. “A gente acredita numa safra maior, entre 26 e 29 milhões de toneladas, significativamente maior do que no ano passado”, disse Sergio De Zen, diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura.
Soja, milho 2ª safra e preços acima da média
No Hora H do Agro, os especialistas também analisaram os efeitos da La Niña na semeadura e desenvolvimento das lavouras de milho 2ª safra; as tendências de preços em 2022 que deverão se manter acima da média histórica, o cenário de oferta e demanda dos grãos e as oportunidades para o Brasil. Confira a edição completa do programa.