‘Fui caindo e me despedindo da minha família’, diz sobrevivente no 5º dia do julgamento da Boate Kiss

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Delvani Brondani Rosso mostrou queimaduras sofridas nas costas durante o incêndio que vitimou 242 pessoas

Juliano Verardi / Tribunal de Justiça do Rio Grande do SulSobrevivente mostrou queimaduras nas costas que foram causadas pela tragédia; ele foi salvo da morte pelo irmão, que o levou para fora

O julgamento de quatro réus acusados pela tragédia da Boate Kiss, que vitimou 242 pessoas em janeiro de 2013, chegou ao seu quinto dia neste domingo, 5. Foi ouvido o sobrevivente Delvani Brondani Rosso, de 29 anos, que sofreu grandes queimaduras e foi convocado como testemunha da acusação. Segundo Rosso, ele foi à boate porque a casa noturna que iria inicialmente estava fechada. “Estava muito lotada a boate. Quando nós entramos, tinha muita gente”, contou. Quando o incêndio começou, ele disse ter tentado sair ao lado de amigos as luzes da boate se apagaram. Até o momento, foram ouvidos dez sobreviventes no tribunal do júri presidido pelo juiz Orlando Faccini Neto, além de quatro testemunhas e dois informantes.

“A situação ficou incontrolável, sem controle. Tu era empurrado para onde a massa ia e eu só tentava ir reto. Quando ficou tudo escuro, as pessoas gritavam mais ainda e eu escutava barulho de vidro quebrando. Desespero, sabe? Em lembro que segui caminhando o que eu podia e começou a ficar mais intensa a fumaça. Tinha muita gente na minha frente ainda. Chegou uma hora que eu percebi que não ia conseguir sair. Quando eu fui caindo, eu fui me despedindo… da minha família, dos meus amigos. Pedi perdão por alguma coisa que eu tivesse feito. Senti meu corpo queimar, fui caindo e desmaiei”, contou o jovem, que, no entanto, foi retirado da casa noturna pelo irmão, Jovani, que havia conseguido sair e depois voltou para dentro, puxando algumas pessoas para fora. Rossi ainda mostrou as queimaduras nas costas que sofreu. Ele perdeu três amigos no incêndio. Antes, no período da manhã, foi ouvido Thiago Mutti, engenheiro civil que atuou na reforma da Kiss em 2009, incluído no processo pela defesa do réu Mauro Hoffmann. O sócio da Santo Entretenimento, sociedade limitada de danceteria, bar e similares que originou a boate Kiss, foi convertido a informante por responder a um processo por falsidade ideológica relacionado à casa noturna. Já à noite, foi ouvida a segurança da boate Doralina Peres.





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