Ex-presidente Mauricio Macri vira réu por suposta espionagem ilegal

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Acusação é feita por parentes da tripulação do submarino ARA “San Juan”, que afundou em 2017; argentino teve bens bloqueados e está impedido de sair do país ou se ausentar da sua casa por mais de 10 dias

EFEO juiz Martin Bava destaca ainda na decisão que as tarefas de inteligência não tiveram autorização judicial

O ex-presidente da Argentina Mauricio Macri é processado por espionagem ilegal. Nesta quarta-feira, 1, o juiz federal Martin Bava, da cidade de Dolores, localizada na província de Buenos Aires, aceitou a acusação feita por parentes da tripulação do submarino ARA “San Juan”, que afundou em 2017. Com isso, o ex-presidente teve seus bens embargados por 100 milhões de pesos, cerca de R$ 5,64 milhões, e está proibido de sair do país e de se ausentar da sua casa por mais de 10 dias. “Macri em primeira instância é criminalmente responsável por realizar atividades de inteligência proibidas como autor, em virtude de ter possibilitado a produção de tarefas de inteligência ilegal, gerado as condições para que fossem realizadas, armazenadas e utilizadas informações sobre pessoas pelo simples fato de suas ações privadas, suas opiniões e a atividade legal que realizavam”, diz trecho do documento de 171 páginas.

De acordo com a investigação, a suposta espionagem teria acontecido entre 2017 e 2018, com o objetivo de obter dados e informações pessoais das famílias e parentes dos 44 tripulantes do ARA “San Juan”, o submarino da Marinha argentina que desapareceu em novembro de 2017 e foi encontrado afundado um ano depois. “As ações procuraram influenciar a situação política e institucional do país, especificamente no que diz respeito às reivindicações feitas pelos mesmos para o afundamento do submarino e a consequente morte de seus familiares, bem como visavam conhecer suas atividades, os locais onde se encontravam, seus dados pessoais e os do seu ambiente”, diz a acusação.

O juiz Martin Bava destaca ainda na decisão que as tarefas de inteligência não tiveram autorização judicial ou foram justificadas pela segurança interna ou defesa nacional. “Essas ações foram realizadas com o único objetivo de influenciar a opinião pública e o desenvolvimento normal das atividades da agenda política daquele ano que, segundo os critérios pré-estabelecidos, poderiam afetar a administração do então governo que o acusado encabeçou”, completou o juiz. Mauricio Macri, que negou as acusações, apresentou uma declaração escrita quando foi convocado para testemunhar no caso, em 3 de novembro.

*Com EFE





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