Ministro afirma que economia está avançando mais de 5% neste ano e que alta da inflação deve desacelerar esse ritmo em 2022
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira, 30, que o Brasil “está condenado a crescer”, mas o desempenho é prejudicado pela guerra política. O chefe da equipe econômica voltou a ressaltar que a economia brasileira está retornando em “V” — quando uma forte queda é seguida de um crescimento robusto —, e criticou novamente adversários que fizeram política “subindo em cadáveres” durante a pandemia do novo coronavírus. “Foi muito difícil botar a economia em pé novamente. Essa guerra política prejudica o país, ela é excessiva. Os oponentes têm que entender que quando se perde a eleição, não se fica apedrejando”, afirmou o ministro durante um evento promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Ao comentar as dificuldades impostas pelas narrativas políticas, Guedes disse que está se criando “padrões preocupantes”. “Vai que a direita perde amanhã e resolve se comportar do mesmo jeito, apedrejando o tempo inteiro, pedindo impeachment todo o dia. Não é razoável.”
O responsável pela política econômica ainda afirmou que o país está crescendo acima de 5% neste ano. A previsão é mais otimista do que a do mercado financeiro, que estima alta de 4,78% do Produto Interno Bruto (PIB) ao fim de 2021. O ministro citou os recordes na arrecadação da Receita Federal, a queda no número de desempregados e a contratação de investimentos privados como fontes de otimismo para a retomada da economia doméstica. “O Brasil está crescendo de 5,3% a 5,4%, criou 3,5 milhões de empregos, o setor de serviços está voltando afora, o turismo está voltando. O Brasil está condenado a crescer”, disse. Apesar dos dados positivos, Guedes disse que a alta da inflação, que foi a 10,73% em 12 meses na prévia de novembro, deve frear o crescimento em 2022. “É por causa disso que a gente não vai crescer 4,5%, 5% de novo, vai ser bem menos. Mas partir disso para dizer que vai ter recessão, de novo, é a turma da falsa narrativa.”
Guedes voltou a afirmar que o plano de governo é transformar a economia com base investimentos privados e disse que “todas as estatais já cumpriram o ciclo”. “O excesso de intervenção estatal corrompeu a democracia e estagnou a economia brasileira. Nós queremos transformar esse eixo.” O ministro também afirmou que está cansado de “chutar portas” e que havia uma “visão um pouco romântica” de mudanças quando ele assumiu a equipe econômica. “A gente chega e acha que vai mudar tudo, e não consegue porque tudo tem uma configuração. E é bom que seja assim”, refletiu. No entanto, o ministro admitiu que é frustrante “chegar com grandes sonhos e fazer 50%, 40%” do planejado, e afirmou que busca descentralizar a máquina pública. “Cadê o Ministério do Planejamento? Vai para Cuba, vai para a Venezuela, vai para a Alemanha Oriental. Na Coreia do Norte tem um Ministério do Planejamento bem atuante.”