Mercado vê inflação no teto da meta e piora expectativa para a economia em 2022

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Pesquisa do Banco Central mostra corte na expectativa do PIB do próximo ano para 0,58%

Eduardo Matysiak/Futura Press/Estadão Conteúdo – 16/09/2021Expectativa para a economia em 2021 e 2022 é rebaixada em meio ao aumento da inflação

O mercado financeiro voltou a revisar para baixo a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e de 2022, e acelerou as expectativas da inflação, segundo as projeções do Boletim Focus publicadas nesta segunda-feira, 29. A mediana para a economia em 2021 passou para alta de 4,78%, ante previsão de 4,80% na semana passada. Para 2022, a pesquisa feita com mais de cem bancos, consultorias e outras instituições aponta para avanço de 0,58%, contra avanço de 0,70% na edição anterior. Foi a oitava semana seguida de corte na estimativa para a economia doméstica no ano que vem em meio ao aumento da inflação e à intensificação do ritmo de alta dos juros pelo Banco Central (BC). Visões mais pessimistas do mercado chegam a prever queda de 0,5% do PIB em 2022, enquanto a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia sustenta a previsão de crescimento acima de 2%.

Os analistas do mercado financeiro elevaram a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial da inflação brasileira, para 5% em 2022, o teto da meta perseguida pelo BC, com centro de 3,5% e piso de 2%. Na semana passada, a mediana apontava para alta de 4,96%. Para 2021, a previsão da inflação foi revista pela 34ª semana consecutiva, chegando a 10,15%, contra estimativa de 10,12% na edição anterior. O Banco Central tem meta inflacionária de 3,75% neste ano, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. O cumprimento da meta já foi descartada há semana pela autoridade monetária, que passou a admitir maior intensidade e disseminação da variação de preços na cadeia. O cenário de baixo crescimento econômico e alta da inflação faz economistas consolidarem a previsão de estagflação a partir do ano que vem. O fenômeno, que reúne o que há de pior na economia, deve se refletir no aumento do desemprego, corrosão do poder de compra da população e queda nos investimentos.

Apesar da alta do IPCA, os analistas mantiveram a projeção para a Selic em 9,25% ao ano em 2021, e 11,25% em 2022. O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a escalada dos juros em outubro ao acrescentar 1,5 ponto e elevar a Selic a 7,75% ao ano. Em ata, a autoridade monetária indicou aumento da mesma magnitude na reunião de dezembro, a última de 2021, fechando a taxa a 9,25% ao ano. O mercado estima que o BC deve seguir o ritmo de alta nas primeiras reuniões de 2022 e subir a taxa de juros para além dos dois dígitos já no primeiro trimestre. O BC reconhece que a estratégia deixa a Selic em campo contracionista, ou seja, quando os juros prejudicam o desenvolvimento da atividade econômica. Para o câmbio, a expectativa do Boletim Focus manteve a projeção da cotação de R$ 5,50 neste ano e em 2022.





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