O Rolls Royce Group – não a unidade que constrói carros, mas sim a holding que também cria reatores nucleares para submarinos do Reino Unido desde a década de 1950 – acaba de anunciar a criação da Rolls-Royce Small Modular Reactor (SMR), empresa que vai construir minirreatores nucleares. Os minirreatores devem gerar energia equivalente a 150 turbinas eólicas e serão capazes de abastecer um milhão de casas durante 60 anos.
Os reatores nucleares pequenos funcionam como os grandes, apenas possuem tamanho menor que os convencionais. Em seu interior, eles realizam o processo de fissão nuclear — que é a separação de átomos responsável por liberar energia que, depois, é utilizada no abastecimento de energia elétrica.
Projeto do minirreator nuclear da Rolls-Royce (créditos: Rolls-Royce/divulgação)
Segundo a Rolls-Royce, os minirreatores devem estar disponíveis para a rede elétrica do Reino Unido no início de 2030. Pequenas, as plantas de energia nuclear propostas no projeto devem ocupar a área de dois campos de futebol apenas, contrastando com as grandes plantas nucleares que conhecemos hoje. No Reino Unido, 16% da energia utilizada vem delas.
O Reator Modular Pequeno (SMR) projetado pela Rolls-Royce possui 220 Megawatts de potência, 16 metros de altura e quatro metros de diâmetro — e pode ser transportado por algo tão pequeno quanto um caminhão ou trem. Ele também deve utilizar muito menos água para resfriamento do que reatores convencionais — o que elimina a necessidade de localização próxima a fontes naturais de água. Eles também são mais fáceis de ligar, segundo reportagem do The Economist.
Veja o vídeo institucional do projeto:
Financiamento milionário para a energia nuclear
Para construir os reatores em miniatura a empresa conseguiu apoio financeiro de um consórcio de investidores privados e do governo do Reino Unido. Foram 195 milhões de libras da iniciativa privada que serão injetados na empresa durante três anos e 210 milhões de libras enviados como subsídio pelo governo federal, como parte do “Plano de Dez Pontos para uma Revolução Industrial Verde”, anunciado pelo país em busca de cumprir as metas de descarbonização combinadas em acordos internacionais.
Apesar da companhia ter a expectativa de criar 40 mil empregos até 2050 com o projeto, gerar 52 bilhões de libras em benefícios econômicos e anunciar a iniciativa como “verde”, críticos afirmam que o foco para uma produção de energia mais sustentável deveria ser em energia limpa, e não em mais energia nuclear.
A energia nuclear é considerada de baixo carbono, o que alimenta a crença que seu uso poderia contribuir para atingir a neutralidade de emissões, ajudando a mitigar as mudanças climáticas. Apesar disso, um estudo recente afirma que a energia nuclear não reduz emissão de carbono e que, ao invés disso, o foco deveria ser em tecnologias renováveis.
Segundo o cientista-chefe do Greenpeace, Dr. Doug Parr, em entrevista à Reuters, os minirreatores são mais caros do que as tecnologias renováveis e ainda não há solução para descartar o lixo radioativo que deixam para trás, além de não haver consenso sobre onde devem ser suas localizações até o momento.
Para o secretário de Negócios e Energia do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, a parceria com a Rolls-Royce é uma “oportunidade única para o Reino Unido implantar mais energia de baixo carbono do que nunca e garantir maior independência energética”. A declaração, divulgada em um comunicado da companhia, continua com a afirmação de que reatores modulares pequenos oferecem oportunidades empolgantes para cortar custos e são de rápida construção, o que garantiria eletricidade limpa.