Viagem de Lula à Europa é mais uma aula de mau-caratismo

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EFE/EPA/MOHAMMED BADRALula discursando em conferência do instituto SciencesPo, em Paris

Presidente Jair Bolsonaro não quer comparações de sua viagem ao Oriente Médio com a viagem que Luiz Inácio fez à Europa, como se já estivesse eleito e representasse o Brasil. O presidente observa que foi a trabalho e que Lula apenas viajou por ostentação. Luiz Inácio se portou assim em todo lugar em que esteve. Parecia o dono de todas as verdades e o salvador do país que, segundo disse a autoridades europeias, está completamente destruído pelo governo atual. Bolsonaro não quer saber dessa conversa e muito menos de comparações. Chegou a aconselhar Lula a viajar pelo Brasil e não usar dessa exibição de ir para a Europa. O presidente ironizou a viagem de Luiz Inácio pelas comparações de que ele ajudou a fomentar sobre sua viagem ao Oriente Médio. Lembrou que leu num jornal brasileiro a seguinte manchete: “Bolsonaro decepciona, Lula é um sucesso”. Não gostou. Disse apenas: “Ah! Pelo amor de Deus!”

O presidente se reuniu com várias autoridades locais, além de empresários com quem amarrou negócios, além de visitar eventos. Simultaneamente, nos mesmos dias, Lula desfilou pela Europa, cumprindo agenda, incluindo uma visita ao Parlamento Europeu e até um um encontro festivo com o presidente da França, Emmanuel Macron, tendo sido recebido com honras de chefe de Estado. E em Madri, Lula foi recebido pelo primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodriguez Zapatero, com quem discutiu os destinos da América Latina e reafirmou o compromisso de manter as relações de amizade fortes e frutíferas. Lula disse então ser preciso reconstruir com urgência o mundo pós-Covid, garantindo os direitos das populações. Zapatero afirmou que “Lula precisa voltar a ser o presidente do Brasil” e que sempre estará ao seu lado. Já Lula prometeu um novo Brasil a partir de 2023, considerando-se vencedor da eleição presidencial do ano que vem. O PT aproveitou a oportunidade para dizer que Bolsonaro visitou somente ditadores do Golfo Pérsico, enquanto Luiz Inácio se reuniu com líderes europeus eleitos democraticamente. Mas em nenhum momento o PT lembrou que cumprimentou Daniel Ortega pela farsa da eleição na Nicarágua. Nos dias que antecederam as eleições na Nicarágua, Ortega determinou a prisão de sete candidatos. Isso o PT não falou.

Antes de regressar ao Brasil, Bolsonaro afirmou que sua viagem foi altamente positiva. Foi uma viagem excelente, com conversas excepcionais, no dizer do presidente. Mas não entrou em detalhes, observando apenas que “o que é reservado é reservado”. Bolsonaro jura que a imagem do Brasil no exterior é muito boa, e que cresce cada vez mais o protagonismo do Brasil no mundo. Adiantou que o que mais interessa lá fora é o agronegócio, pois todos querem garantir a alimentação. E nessa história o Brasil é bastante forte. Não se tratou de nenhum assunto referente ao desmatamento criminoso na floresta amazônica. Bolsonaro não quis comentar sua declaração numa palestra em Dubai, quando disse aos investidores presentes que a floresta amazônica não pega fogo, como se os países europeus não soubessem o que acontece por aqui, com informações precisas de satélites. O presidente mentiu. E chegou a dizer aos presentes que qualquer um pode levar um galão de gasolina no coração da Amazônia e verá que a floresta não pega fogo. Uma declaração constrangedora. O presidente disse que a imprensa brasileira é culpada dessa informação, preocupada que está em só falar mal do Brasil. 

Tudo isso significa que o Brasil terá mais um passatempo, uma espécie de guerra de vaidades. Um presidente legítimo, que viaja ao exterior, e o outro, presidente de mentira que se julga imbatível, viaja também e fala como se já fosse o novo presidente brasileiro. É um bandalho. E sendo um bandalho, não pode ser diferente. O objetivo de Lula com seu giro europeu foi criticar duramente o presidente Bolsonaro, o que fez em todas as ocasiões possíveis. A frase mais estúpida do farsante foi dizer aos europeus que a Lava Jato era uma quadrilha, mas não disse nenhuma vez sobre os políticos e empresários poderosos presos que fizeram delações e até devolveram o dinheiro que roubaram com sua ajuda. No fundo, essa viagem de Lula foi mais uma aula de mau-caratismo. 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.





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