Câmbio vai a R$ 5,50 após indicação de desaceleração das atividades no terceiro trimestre e agravamento das projeções para 2022
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo negativo nesta terça-feira, 16, na volta do feriado da Proclamação da República e com o noticiário doméstico pressionando o humor dos investidores. Na agenda de indicadores, dados do Banco Central mostraram a desaceleração da economia no terceiro trimestre, enquanto as previsões para 2022 voltaram a se deteriorar. O dólar encerrou com alta de 0,78% ante o real, cotado a R$ 5,500. A divisa norte-americana bateu a máxima de R$ 5,509, enquanto a mínima não passou de R$ 5,431. O câmbio encerrou a sessão de sexta-feira, 12, com alta de 0,97%, aos R$ 5, 456. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou o dia com queda de 1,82%, aos 104.403 pontos. O pregão da semana passada encerrou com queda de 1,18%, aos 106.326 pontos.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou recuo de 0,27% em setembro, na comparação com agosto, segundo dados divulgados pela autoridade monetária nesta manhã. Foi o segundo mês seguido que o indicador apresenta queda. Com o resultado, o IBC-Br registrou recuo de 0,14% no terceiro trimestre de 2021, em paralelo com os três meses anteriores. No acumulado do ano, o índice avançou 5,88%, enquanto em 12 meses, somou alta de 4,22%. Na comparação com setembro do ano passado, o IBC-Br registrou crescimento de 1,52%. Os resultados negativos dos últimos meses ocorrem em meio à diminuição do poder de compra dos brasileiros em reflexo ao aumento da inflação, que desde setembro está acima dos dois dígitos no acumulado de 12 meses. O mercado financeiro voltou a rever para baixo a expectativa de alta da economia em 2021 e 2022, enquanto acelerou a estimativa de alta da inflação, conforme as previsões do Boletim Focus. A expectativa para o PIB deste ano foi rebaixada para alta de 4,88%, contra expectativa de 4,93% na semana passada. Foi a 32ª semana seguida de revisão para cima. O Banco Central tem meta inflacionária de 3,75% neste ano, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. Já para 2022, o mercado estima que o IPCA alcance 4,79%. Na semana anterior, a mediana apontava para alta de 4,63%. No ano que vem, a autoridade monetária deve perseguir a meta de 3,50%, com variação entre 2% e 5%.
Ainda na pauta doméstica, os investidores acompanham as mobilizações para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios pelo Senado e os reflexos na alta do risco fiscal. O texto, que autoriza o Executivo adiar o pagamento de dívidas e muda as regras para o cálculo da inflação no teto de gastos, abre no Orçamento R$ 91,6 bilhões para o governo gastar em 2022, segundo a estimativa do Ministério da Economia. Em viagem ao Bahrein, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira que todos os servidores federais terão reajuste salarial caso a medida seja aprovada. A PEC também é essencial para que o governo consiga bancar o Auxílio Brasil com valor mínimo de R$ 400 até dezembro de 2022. O benefício que substitui o Bolsa Família começa a ser pago nesta quarta-feira, com reajuste 17,84% e valor médio de R$ 217,18. O texto passou na Câmara na semana passada após alterações em cima da hora nas normas de votação e forte mobilização da base governista. Na primeira votação, o texto alcançou 312 votos — quatro a mais do mínimo necessário, enquanto no segundo turno a medida foi chancelada com 323 votos. O presidente já admitiu que a aprovação no Senado deve encontrar mais resistência.